O que é?
A diabetes é uma condição crônica de saúde que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. É caracterizada pelo aumento dos níveis de glicose no sangue, o que pode levar a uma série de complicações graves, incluindo danos aos órgãos e sistemas do corpo. Neste texto, iremos explorar a diabetes em profundidade, baseado em evidências científicas, incluindo sua etiologia, tipos, diagnóstico, tratamento e prevenção.
Etiologia
A etiologia da diabetes é multifatorial e envolve tanto fatores genéticos quanto ambientais. A compreensão desses fatores é fundamental para a prevenção e tratamento da doença.
Tipos da doença
Diabetes Tipo 1:
A diabetes tipo 1 é causada por uma destruição autoimune das células beta do pâncreas, que são responsáveis pela produção de insulina. Acredita-se que fatores genéticos e ambientais possam desencadear o processo autoimune. Por exemplo, infecções virais, como o vírus da rubéola ou o vírus coxsackie B, podem desencadear uma resposta autoimune em pessoas com predisposição genética. A presença de anticorpos específicos, como os anticorpos contra ilhotas pancreáticas e insulina, também é um indicador da presença de diabetes tipo 1.
Diabetes Tipo 2:
A diabetes tipo 2 é uma doença complexa que envolve múltiplos fatores de risco, incluindo a genética, estilo de vida e fatores ambientais. Estudos sugerem que a resistência à insulina e a disfunção das células beta são características centrais da diabetes tipo 2.
A resistência à insulina ocorre quando as células do corpo não respondem adequadamente à insulina, resultando em níveis elevados de açúcar no sangue. Fatores como obesidade, sedentarismo e dieta inadequada podem contribuir para a resistência à insulina. Já a disfunção das células beta pode resultar em uma produção inadequada de insulina pelo pâncreas.
Outros fatores de risco para a diabetes tipo 2 incluem idade avançada, histórico familiar da doença, síndrome dos ovários policísticos, apneia do sono, hipertensão arterial e história de diabetes gestacional.
Diagnóstico:
O diagnóstico da diabetes é realizado com base na avaliação dos níveis de açúcar no sangue e em outros critérios clínicos estabelecidos pelas diretrizes médicas. Abaixo segue como é feito o diagnóstico da diabetes tipo 1 e tipo 2, com base nas evidências científicas disponíveis.
Diabetes Tipo 1:
O diagnóstico da diabetes tipo 1 é baseado na presença de sintomas clínicos, como sede excessiva, aumento da micção, fadiga, perda de peso e visão embaçada, além de testes laboratoriais. O teste mais comum para diagnosticar a diabetes é a medida da glicemia em jejum. Uma glicemia em jejum acima de 126 mg/dL (7 mmol/L) em duas ocasiões diferentes é indicativa de diabetes.
Além disso, o diagnóstico da diabetes tipo 1 também envolve a realização de testes para a presença de anticorpos específicos, como os anticorpos contra ilhotas pancreáticas e insulina. A presença desses anticorpos em pacientes com diabetes sugere um processo autoimune subjacente.
Diabetes Tipo 2:
O diagnóstico adequado da diabetes tipo 2 é feito com base em evidências científicas e recomendações de órgãos especializados em saúde.
Segundo as diretrizes da American Diabetes Association (ADA), o diagnóstico de diabetes tipo 2 é confirmado com base em uma das seguintes situações:
- Hemoglobina glicada (HBA1C) ≥ 6,5%. A A1C é um teste que mede a média da glicose no sangue nos últimos 2 a 3 meses.
- Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dL (7 mmol/L) após jejum de pelo menos 8 horas.
- Glicemia aleatória ≥ 200 mg/dL (11,1 mmol/L) em pacientes com sintomas clássicos de diabetes, como sede excessiva, urinação frequente e perda de peso não explicada.
- Teste oral de tolerância à glicose (TOTG) com 75g de glicose, com valor ≥ 200 mg/dL (11,1 mmol/L) 2 horas após a ingestão da glicose.
Além disso, a ADA recomenda que todas as pessoas com idade ≥ 45 anos realizem o teste de glicemia de jejum a cada 3 anos para detecção precoce de diabetes tipo 2, mesmo que não apresentem sintomas. Em pacientes com fatores de risco adicionais para diabetes, como obesidade, história familiar de diabetes, sedentarismo, hipertensão arterial e colesterol elevado, o teste pode ser indicado a partir dos 30 anos de idade.
Tratamento
O tratamento para diabetes tipo 1 e tipo 2 é diferente devido às diferenças nas causas e mecanismos subjacentes da doença.
Diabetes tipo 1:
A diabetes tipo 1 é uma doença autoimune em que o sistema imunológico do corpo ataca e destrói as células beta no pâncreas que produzem insulina. O tratamento para diabetes tipo 1 é baseado na substituição da insulina que o corpo não é mais capaz de produzir. O objetivo é manter os níveis de açúcar no sangue o mais próximo possível do normal para evitar complicações a longo prazo.
- Insulina: A insulina é administrada por injeção ou através de uma bomba de insulina que fornece a dose adequada de insulina com base nas necessidades individuais. Existem diferentes tipos de insulina, cada uma com diferentes tempos de ação e efeitos, e o regime de insulina deve ser ajustado de acordo com as necessidades individuais do paciente.
- Controle glicêmico: É importante controlar os níveis de açúcar no sangue, monitorando a glicemia regularmente e ajustando as doses de insulina conforme necessário. Isso pode ser feito por meio de medidores de glicemia, que podem ser usados em casa, ou por meio de um monitor contínuo de glicose (CGM).
- Alimentação saudável: Uma dieta saudável e balanceada é importante para controlar os níveis de açúcar no sangue. É importante evitar alimentos açucarados ou o consumo em excesso de carboidratos e optar por alimentos ricos em fibras, como frutas, vegetais e grãos integrais.
- Atividade física: O exercício regular ajuda a controlar os níveis de açúcar no sangue, aumentando a sensibilidade à insulina. É importante ajustar a dose de insulina antes do exercício para evitar hipoglicemia.
Diabetes tipo 2:
O tratamento para diabetes tipo 2 é baseado em uma abordagem multifatorial que inclui mudanças no estilo de vida e medicamentos quando necessário. O objetivo é controlar os níveis de açúcar no sangue e reduzir o risco de complicações a longo prazo.
- Mudanças no estilo de vida: Mudanças no estilo de vida são a primeira linha de tratamento para diabetes tipo 2 e incluem uma dieta saudável, atividade física regular e perda de peso, se necessário. Uma dieta saudável e balanceada, rica em fibras e com baixo teor de gordura, pode ajudar a controlar os níveis de açúcar no sangue. A atividade física regular ajuda a controlar os níveis de açúcar no sangue, aumentando a sensibilidade à insulina.
- Medicamentos: Se as mudanças no estilo de vida não forem suficientes para controlar os níveis de açúcar no sangue, medicamentos podem ser prescritos. Existem diferentes classes de medicamentos para diabetes tipo 2:
- Metformina: É o medicamento de primeira escolha para a maioria dos pacientes com diabetes tipo 2, devido à sua eficácia, segurança e baixo custo. A metformina reduz a produção hepática de glicose e aumenta a sensibilidade à insulina nos músculos.
- Inibidores do SGLT2: Esses medicamentos reduzem a reabsorção de glicose pelos rins, aumentando a eliminação de glicose pela urina. Além disso, eles reduzem o risco de eventos cardiovasculares e renais em pacientes com diabetes tipo 2.
- Inibidores da DPP-4: Esses medicamentos aumentam a produção de insulina pelo pâncreas e reduzem a produção de glicose pelo fígado. Eles também reduzem o risco de hipoglicemia e podem ser combinados com outros medicamentos para diabetes tipo 2.
- Análogos do GLP-1: Esses medicamentos aumentam a produção de insulina pelo pâncreas e reduzem a produção de glicose pelo fígado. Eles também retardam o esvaziamento gástrico e reduzem o apetite, o que leva à perda de peso. Além disso, eles reduzem o risco de eventos cardiovasculares em pacientes com diabetes tipo 2.
- Insulina: A insulina é usada para pacientes com diabetes tipo 2 que não atingem as metas de controle glicêmico com mudanças no estilo de vida e medicamentos orais. Existem vários tipos de insulina, cada um com diferentes tempos de ação e efeitos, e o regime de insulina deve ser ajustado de acordo com as necessidades individuais do paciente.
Prevenção:
A prevenção do diabetes envolve principalmente mudanças no estilo de vida, incluindo dieta saudável, atividade física regular e manutenção do peso corporal saudável. As seguintes estratégias de prevenção são baseadas em evidências científicas:
- Dieta saudável: Uma dieta rica em fibras, frutas, legumes, grãos integrais e gorduras saudáveis pode reduzir o risco de diabetes tipo 2. A dieta mediterrânea e a dieta DASH (Dieta para Combater a Hipertensão) são exemplos de dietas saudáveis que podem ajudar a prevenir o diabetes.
- Atividade física: A atividade física regular ajuda a reduzir o risco de diabetes tipo 2, melhorando a sensibilidade à insulina e controlando o peso corporal. A recomendação é de pelo menos 150 minutos de atividade física de intensidade moderada por semana, ou 75 minutos de atividade física vigorosa por semana.
- Perda de peso: Manter um peso corporal saudável pode ajudar a prevenir o diabetes tipo 2. A perda de peso de 5 a 10% do peso corporal inicial pode melhorar significativamente a sensibilidade à insulina e reduzir o risco de diabetes tipo 2.
- Controle da pressão arterial e do colesterol: Manter a pressão arterial e os níveis de colesterol dentro dos limites normais pode ajudar a prevenir o diabetes tipo 2. Além disso, o controle da pressão arterial e do colesterol também pode reduzir o risco de doenças cardiovasculares em pacientes com diabetes tipo 2.
- Evitar o tabagismo: O tabagismo aumenta o risco de diabetes tipo 2 e outras doenças cardiovasculares. Parar de fumar pode reduzir significativamente o risco de diabetes tipo 2 e melhorar a saúde geral.
É importante destacar que as estratégias de prevenção devem ser iniciadas o mais cedo possível e mantidas a longo prazo para serem eficazes. Além disso, pessoas com alto risco de diabetes tipo 2 devem ser monitoradas regularmente para detectar o diabetes precocemente e iniciar o tratamento adequado.
Referências
Risk factors contributing to type 2 diabetes and recent advances in the treatment and prevention doi: 10.7150/ijms.10001.
Epidemiology of type 1 diabetes doi: 10.1016/j.ecl.2010.05.011.