O que é?
O refluxo gastroesofágico (ou RGE) é um distúrbio digestivo comum que ocorre quando o conteúdo ácido do estômago retorna para o esôfago. Normalmente, o esfíncter esofágico inferior (EEI), uma estrutura muscular localizada na parte inferior do esôfago, mantém o conteúdo gástrico no estômago, impedindo que ele volte para cima. No entanto, em algumas pessoas, o EEI não funciona adequadamente, permitindo que o ácido do estômago volte para o esôfago. Isso pode causar vários sintomas desagradáveis, incluindo azia, dor no peito, regurgitação (retorno do alimento) e sensação de queimação na garganta.
Causas
Existem várias causas possíveis para o refluxo gastroesofágico. Algumas pessoas podem ter uma predisposição genética para o distúrbio, enquanto outras podem ter um problema físico que interfere na capacidade do esfíncter (músculo) de funcionar adequadamente. Algumas das causas mais comuns incluem obesidade, gravidez, fumo, consumo excessivo de álcool e consumo de alimentos gordurosos ou picantes. Além disso, certos medicamentos, como os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) e os bloqueadores dos canais de cálcio, podem enfraquecer o EEI e aumentar o risco de refluxo.
Fatores de risco
- A obesidade é um dos fatores de risco mais fortes para o desenvolvimento do RGE. Estudos mostram que a obesidade aumenta a pressão abdominal, o que pode fazer com que o ácido do estômago volte para o esôfago. Além disso, a gordura abdominal pode envolver o esôfago, aumentando o risco de refluxo.
- A gravidez também é um fator de risco para o RGE. Durante a gravidez, o útero em crescimento pode empurrar o estômago para cima, aumentando a pressão abdominal e favorecendo o refluxo. Além disso, as mudanças hormonais durante a gravidez podem relaxar o EEI, o que pode permitir que o ácido do estômago reflua para o esôfago.
- Fumar é outro fator de risco conhecido para o RGE. O tabagismo pode afetar o funcionamento do esfíncter, relaxando a estrutura muscular e aumentando o risco de refluxo. Além disso, o fumo pode irritar o revestimento do esôfago, tornando-o mais suscetível ao dano causado pelo ácido do estômago.
- O consumo excessivo de álcool também pode aumentar o risco de RGE. O álcool pode relaxar o esfíncter e aumentar a produção de ácido no estômago, o que pode levar ao refluxo. Além disso, o álcool pode irritar o revestimento do esôfago, tornando-o mais suscetível ao dano causado pelo ácido do estômago.
- O consumo de alimentos gordurosos ou picantes também pode aumentar o risco de RGE. Estudos mostram que alimentos gordurosos podem relaxar o esfíncter e retardar o esvaziamento do estômago, o que pode aumentar a pressão abdominal e favorecer o refluxo. Além disso, alimentos picantes podem irritar o revestimento do esôfago, tornando-o mais suscetível ao dano causado pelo ácido do estômago.
- Certos medicamentos também podem aumentar o risco de RGE. Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) e os bloqueadores dos canais de cálcio, por exemplo, podem enfraquecer o esfíncter e aumentar o risco de refluxo. Além disso, alguns medicamentos para o tratamento da osteoporose, como os bifosfonatos, podem irritar o revestimento do esôfago, aumentando o risco de complicações.
Sintomas
Os sintomas do refluxo gastroesofágico podem variar de pessoa para pessoa e podem ser leves ou graves. Algumas pessoas podem experimentar apenas azia ou indigestão ocasionalmente, enquanto outras podem ter sintomas mais graves e persistentes, como dor no peito, dificuldade para engolir e tosse crônica. Em alguns casos, o refluxo gastroesofágico pode levar a complicações mais graves, como esofagite (inflamação do esôfago), úlceras esofágicas, estenose esofágica (estreitamento do esôfago) e até mesmo câncer de esôfago.
Diagnóstico
O diagnóstico do refluxo gastroesofágico geralmente é feito com base nos sintomas relatados pelo paciente e no histórico médico. O médico pode recomendar exames adicionais, como uma endoscopia ou uma manometria esofágica, para avaliar a gravidade do refluxo e descartar outras condições médicas.
Tratamento
O tratamento do refluxo gastroesofágico depende da gravidade dos sintomas e da causa subjacente do distúrbio. Para casos leves, o médico junto ao nutricionista pode recomendar mudanças no estilo de vida, como evitar alimentos que desencadeiam os sintomas, perder peso, parar de fumar, reduzir o consumo de álcool e dormir com a cabeça elevada. Em casos mais graves, pode ser necessário prescrever medicamentos, como os inibidores da bomba de prótons (IBPs), os antagonistas dos receptores H2 e os antiácidos, para reduzir a acidez do estômago e aliviar os sintomas. Em alguns casos, pode ser necessário considerar a cirurgia para corrigir o problema subjacente no esfíncter.
Como a alimentação influencia no tratamento?
Algumas estratégias alimentares podem ajudar a reduzir os episódios de refluxo:
- Evitar alimentos que irritam o esôfago: alimentos gordurosos, picantes, fritos, cítricos, tomate, chocolate, menta, café, chá e bebidas alcoólicas podem aumentar a produção de ácido no estômago e irritar o esôfago, agravando os sintomas de refluxo.
- Comer refeições menores e mais frequentes: comer grandes refeições pode aumentar a pressão no estômago, o que pode levar ao refluxo. É recomendado comer refeições menores e mais frequentes ao longo do dia, para reduzir a quantidade de comida no estômago.
- Mastigar bem os alimentos: mastigar bem os alimentos ajuda a reduzir a quantidade de ar engolido durante a alimentação, o que pode contribuir para o refluxo. Além disso, mastigar bem os alimentos pode ajudar na digestão, o que pode reduzir a produção de ácido no estômago.
- Evitar comer antes de dormir: deitar-se com o estômago cheio pode aumentar a pressão no estômago, o que pode contribuir para o refluxo. É recomendado esperar pelo menos três horas após as refeições antes de deitar.
- Elevar a cabeça ao deitar: é uma ótima estratégia para evitar que o suco gástrico volte, evitando o refluxo.
Conclusão
Existem várias maneiras de melhorar os sintomas do refluxo gastroesofágico. Mudanças no estilo de vida, como evitar alimentos irritantes, manter um peso saudável e praticar exercícios físicos regularmente, podem ser úteis. Além disso, os medicamentos podem ser prescritos para reduzir a produção de ácido e aliviar os sintomas. É importante consultar um médico para obter um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado.
Referências
Adiposity, diabetes, lifestyle factors and risk of gastroesophageal reflux disease: a Mendelian randomization study – doi: 10.1007/s10654-022-00842-z