O que é?

A esteatose hepática não alcoólica (EHNA), também conhecida como doença hepática gordurosa, é uma condição caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura no fígado. É uma das condições hepáticas mais comuns em todo o mundo e é um importante problema de saúde pública devido à sua crescente prevalência e associação com doenças metabólicas, como obesidade, diabetes tipo 2 e dislipidemia.

As evidências científicas têm fornecido um amplo conhecimento sobre a esteatose hepática, incluindo suas causas, fatores de risco, patogênese e consequências clínicas. A principal causa da esteatose hepática é a acumulação de triglicerídeos no fígado, resultando em um aumento do conteúdo lipídico hepático. Isso pode ocorrer devido a diversos fatores, como o aumento da ingestão de gorduras na dieta, aumento da síntese hepática de gorduras, diminuição do metabolismo de gorduras no fígado e diminuição da exportação de gorduras do fígado.

Influência da obesidade

A obesidade e a resistência à insulina são consideradas os principais fatores de risco para o desenvolvimento da esteatose hepática. A gordura visceral, que está associada à obesidade central, é uma fonte importante de ácidos graxos livres, que são levados ao fígado através da circulação portal, causando acúmulo de gordura no fígado. Além disso, a resistência à insulina leva a um aumento da lipólise no tecido adiposo (quebra das gorduras), resultando em maior disponibilidade de ácidos graxos (gorduras) para o fígado. Outros fatores de risco para a esteatose hepática incluem diabetes tipo 2, síndrome metabólica, consumo excessivo de álcool, dieta rica em carboidratos e açúcares adicionados, sedentarismo e predisposição genética.

Principais fatores

Um dos principais fatores está correlacionado com o consumo excessivo de carboidrato, esse consumo excessivo pode contribuir para o desenvolvimento da esteatose hepática de várias maneiras:

  • Aumento da lipogênese hepática: Carboidratos em excesso podem levar a um aumento da síntese de ácidos graxos no fígado, através de um processo chamado lipogênese hepática. Isso ocorre quando há um excesso de carboidratos na corrente sanguínea e as células do fígado convertem esses carboidratos em ácidos graxos, que são então armazenados como triglicerídeos. O acúmulo de triglicerídeos no fígado pode levar ao desenvolvimento da esteatose hepática.
  • Aumento da resistência à insulina: O consumo excessivo de carboidratos, especialmente os carboidratos simples ou refinados, pode levar a um aumento da resistência à insulina. A resistência à insulina é uma condição em que as células do corpo têm dificuldade em responder à insulina, um hormônio que regula os níveis de açúcar no sangue. A resistência à insulina pode levar ao acúmulo de gordura no fígado, uma vez que a insulina desempenha um papel importante na regulação do metabolismo dos lipídios no fígado.
  • Estímulo à inflamação hepática: O consumo excessivo de carboidratos também pode levar ao aumento da inflamação no fígado. Dietas ricas em carboidratos, especialmente aquelas com alto teor de açúcar, podem levar à produção de citocinas inflamatórias no fígado, o que pode levar ao desenvolvimento da esteatose hepática. A inflamação crônica no fígado pode causar danos às células hepáticas e contribuir para a progressão da doença.
  • Aumento da produção de gordura VLDL: O consumo excessivo de carboidratos pode levar a um aumento na produção de lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL) no fígado. As VLDL são partículas que transportam triglicerídeos do fígado para outras partes do corpo. O aumento da produção de VLDL pode levar ao acúmulo de triglicerídeos no fígado, o que pode contribuir para o desenvolvimento da esteatose hepática.

Tratamento

O tratamento da esteatose hepática não alcoólica (EHNA) é baseado em uma abordagem multifatorial que inclui mudanças no estilo de vida, controle de fatores de risco metabólicos e tratamento de outras condições médicas subjacentes. Aqui estão algumas estratégias de tratamento baseadas em evidências científicas para a EHNA:

  • Mudanças no estilo de vida e dieta: Mudanças no estilo de vida, incluindo perda de peso gradual e manutenção de um peso corporal saudável, são geralmente o primeiro passo no tratamento da EHNA. A perda de peso pode ajudar a reduzir a gordura acumulada no fígado e melhorar a saúde hepática. Uma dieta equilibrada e saudável, com redução do consumo de carboidratos simples e refinados, e aumento da ingestão de frutas, verduras, grãos integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis, pode ser benéfica. A dieta mediterrânea, em particular, tem sido associada a efeitos positivos na saúde hepática.
  • Atividade física regular: A atividade física regular é outro componente importante do tratamento da EHNA. O exercício regular pode ajudar na perda de peso, melhorar a sensibilidade à insulina, reduzir a inflamação e melhorar a saúde geral do fígado. É importante consultar um profissional de saúde antes de iniciar qualquer programa de exercícios.
  • Controle de fatores de risco metabólicos: A EHNA está frequentemente associada a fatores de risco metabólicos, como obesidade, diabetes tipo 2, dislipidemia e hipertensão arterial. O controle adequado desses fatores de risco é fundamental no tratamento da EHNA. Isso pode incluir o uso de medicamentos para controlar o açúcar no sangue, reduzir o colesterol ou a pressão arterial, conforme necessário, sob a supervisão de um médico.
  • Evitar o consumo de álcool e substâncias hepatotóxicas: O consumo de álcool pode agravar a EHNA e deve ser evitado ou restrito, dependendo da gravidade da doença hepática. Além disso, é importante evitar o uso de substâncias hepatotóxicas, como medicamentos sem prescrição médica ou drogas recreativas, que podem prejudicar ainda mais a função hepática.
  • Acompanhamento médico regular: É importante ter um acompanhamento médico regular para monitorar a progressão da doença hepática, ajustar a terapia conforme necessário e realizar exames de rotina para avaliar a função hepática e a presença de complicações.
  • Abordagem multidisciplinar: A EHNA é uma condição complexa que pode exigir uma abordagem multidisciplinar, envolvendo não apenas médicos, mas também nutricionistas, endocrinologistas, hepatologistas e outros profissionais capacitados.

Conclusão

Note que a EHNA é uma doença de caráter multifatorial, logo melhorar os hábitos de vida de forma geral consequentemente irão aumentar a prevenção do aparecimento desta doença no longo prazo.

Current guidelines for the management of non-alcoholic fatty liver disease: A systematic review with comparative analysis Doi: 10.3748/wjg.v24.i30.3361

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